Na próxima semana, o céu noturno pode oferecer um espetáculo para quem estiver atento: a chuva de meteoros Líridas atingirá seu pico entre a noite de segunda-feira, 21 de abril, e a madrugada de terça-feira, 22 de abril. O fenômeno, conhecido por registros históricos impressionantes, deverá apresentar até 18 meteoros por hora em sua fase de maior intensidade, de acordo com a Organização Internacional de Meteoros (IMO).
Com a Lua abaixo da metade cheia, a observação não será prejudicada por excesso de claridade, o que torna o momento ainda mais propício para acompanhar o evento. Não será necessário nenhum tipo de equipamento especial — aliás, telescópios e binóculos podem atrapalhar, já que limitam o campo de visão necessário para ver os meteoros cruzando o céu.
Espetáculo com milhares de anos de história
Apesar de estar entre as chuvas de menor intensidade do calendário astronômico, as Líridas se destacam por sua importância histórica.
Segundo Marcelo Zurita, colunista do Olhar Digital, a Líridas é a mais antiga chuva de meteoros conhecida, sendo relatada há mais de 2700 anos pelos chineses.
A chuva é mencionada em documentos antigos como o Zuo Zhuan, texto da China datado de 687 a.C., que descreve o evento como um momento em que “as estrelas caíram como chuva“. Tradições indígenas da Austrália também fazem referência às Líridas, reforçando o quanto esse fenômeno é conhecido e documentado há milênios.
Há relatos de tempestades de meteoros associadas a esse fenômeno, com centenas de registros por hora. Em 1803, por exemplo, um jornalista de Richmond, nos Estados Unidos, estimou a impressionante marca de 700 meteoros por hora em um único pico.
Origem está em um cometa de longo período
As Líridas têm como corpo-mãe o cometa C/1861 G1 Thatcher, que completa uma órbita ao redor do Sol a cada 415 anos. Curiosamente, apesar da longa história de observação da chuva, o cometa só foi identificado em sua última passagem próxima à Terra, em 1861. A próxima ocorrência está prevista para 2276.

Os meteoros, na verdade, não são estrelas, mas pequenos fragmentos de rocha e poeira cósmica, deixados para trás por cometas em sua trajetória pelo Sistema Solar. No caso das Líridas, esses fragmentos entram na atmosfera terrestre e queimam, produzindo os rastros luminosos visíveis a olho nu.
Zurita ressalta que uma chuva de meteoros é um espetáculo astronômico dos mais democráticos. “Pode ser observada por qualquer pessoa que tenha uma visão razoável e acesso a algum pedaço de céu. Não precisa de telescópios, câmeras nem qualquer equipamento especial. Basta ter disposição para perder algumas horas de sono e olhar para o céu”.
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Chuva de meteoros Líridas é visível no Brasil?
Sim, a chuva de meteoros Líridas é visível no Brasil.
A radiante — ponto no céu de onde os meteoros parecem se originar — está localizada na constelação de Lyra, que aparece no céu do hemisfério sul nas madrugadas, mais próxima do horizonte norte. Isso significa que, apesar de a taxa de meteoros ser um pouco menor nas latitudes mais ao sul, ainda é possível observar a chuva de várias regiões do Brasil, especialmente nas áreas com pouca poluição luminosa.
Para ter as melhores chances de visualização, recomenda-se procurar locais escuros, longe das luzes da cidade, e olhar na direção norte, a partir da meia-noite até o amanhecer, nos dias 21 e 22 de abril. Mesmo com menor intensidade do que em países do hemisfério norte, os meteoros podem ser vistos a olho nu, cruzando o céu de forma rápida e brilhante.
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